sexta-feira, 15 de junho de 2012

DEVANEIO

… Que silêncio é este
que ouço sobre o mundo!?...

… Que é isto que me cerca
e eu não vejo!?...
… Que é isto que me prende
e eu não sinto!?...

… De olhos fechados vejo:

... flutuando no vazio
há crepes negros
presos em mastros
de fantásticas naus;
cuspindo fogo saem dragões
da frota macabra
e o fogo são corpos em chama
a bailar… bailando
eróticas danças!…

Bailando … bailando
me chamam, cercam e prendem!

… E eu já não sou eu!...

Sou crepe, sou nau, sou dragão, sou fogo,
e entro na dança dos corpos em chama e…

Bailando… bailando
me cerco e prendo…

Estou cercada, estou presa!...

… Estou presa a mim mesma!...

1 comentário:

  1. Ninguém se encontra mais preso do que a si próprio, ao que é - em matéria e espírito. Mesmo quando se diz preso a outrem, é preso à imagem sua que esse mesmo outrem poderá formar de si, ou tenha formado até então, e não dita, reproduzida pelo menos, exacta como a tremeu, sentindo ea desejávamos ouvi-la longamente. Preso/a, sim, a desejos moídos, macerados e revolvidos, e não experimentados, nunca realizados, corpóreos e sensitivos, superfície visível e tangível de infindáveis e profundos recalcamentos, que mais não querem que soltarem-se através da Arte (poesia, ou outra...), despertar sons, fascínio, pulso, palpitações, vibração do belo, procura incessante de alma, rodopio,e dança, manifestação exterior e atractiva, apelo, chamada...ao correspondido. Presa, talvez demasiado presa não ao resolvido, fecundado, mas a tudo o que não experienciou, ao não vivido, apenas larga e longínquamente presentido, esvaído em sonho, em quimera, em desejos. Um poema de sobressalto e movimento. Uma poema extremo, tão extremo... e mais representativo do que se possa supor ao primeiro olhar!....

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