ONDE ESTÁ O MEU VERDE

Desci do meu berço de esperanças,

                            não estava lá nada verde!

Quero voltar a subir e não consigo!…

Quero embalar-me nesse verde, todo esperança,

                           sem ele, a vida não faz sentido!

Onde está o meu verde?...

Tanto… tanto verde à minha volta…

Mas não é esse que eu procuro,

             eu quero aquele que só se sente… não se vê! 

Onde está Tchaikovsky?... 

Onde está o “Lago dos cisnes”?... 

Onde estão as bailarinas

            que dançavam na minha ponte

                                       ornada de mil flores?...

Onde estão os cisnes

                    que não sabiam o cântico da morte?...

Não vejo nada… Não vejo nada!...

Onde está Chopin?...

Onde estão as músicas que embalavam o meu coração?...

Não ouço nada… Não ouço nada!...

Quando foi que fiquei cega e surda dentro de mim!?...

O BRILHO DO AMOR

Estrelas, tantas estrelas
brilhando lá no céu!...

Será ali que está a verdade da luz
que ilumina a alma!?...

Se eu pudesse alcançar essas estrelas
talvez encontrasse a verdade!?...

... Ou será que somos nós essa luz
e brilhamos sem saber!?...

Fechei os olhos...

Senti-me estrela brilhando lá no alto
e os meus raios eram a luz da esperança!...
Da esperança de um Mundo melhor!...

Ao meu redor havia muitas estrelas,
todas elas, iguais e lindas!...
Os seus raios de luz cruzavam-se,
tocavam-se, uniam-se!...
E era já um Sol que eu via!...
Um Sol belo, brilhante, empolgante!...

Éramos nós, todos juntos, esse Sol
e o seu brilho era o AMOR!...

O Amor que Jesus nos ensinou:

“Amai-vos uns aos outros como irmãos”

Quando abri os olhos,
senti que na Terra
também há brilho,
não de estrelas...
mas de AMOR!

PERDOAI-ME JESUS

Há mais de dois mil que Maria,

a nossa Mãe no céu, bendita luz,

nos deu com muito amor, muita alegria,

o seu divino Filho, o seu Jesus!

E Jesus que morreu em agonia,

perdoa até, a quem lhe pôs a cruz

sobre os ombros; naquele triste dia,

ensina que o perdão ao céu conduz.

E nós, neste Natal, damos perdão

a quem, com guerras vis, corrompe o mundo

e aniquila crianças que o castigo

é morrer sem saberem a razão

da Terra ser - oásis furibundo?

Perdoai-me Jesus, eu não consigo…

OS SONHOS NÃO MORREM

As minhas fantasias de criança

foram só quimeras, nada mais…

Os meus ideais de rapariga

foram ilusão, ilusão somente…

Mas os meus sonhos de mulher,

esses, ainda não morreram!

Como posso deixar de sonhar

se a alma não tem idade

e é nela que está a essência do sonho!?

Quem disse que os sonhos morrem

quando a esperança de viver quase se esvai?...

Quem disse, não sabe viver…

Quem disse, não sabe sonhar…

Vamos ter esperança de viver,

de sonhar e de pensar que viver é bom

que amanhã mais um dia vai nascer…

Vamos pedir só mais um dia…

Um dia em cada dia… para todos nós!

AMOR ETERNO

Vem comigo, Amor… assim…

de alma lavada na essência do querer!...

Aperta bem as minhas mãos...

olha em redor esta paisagem!…

Sente a magia do mistério!…

Ouve a melodia do silêncio!…

Depois…

descansa o teu olhar no meu olhar!…

Hão-de passar eternidades...

e nós aqui… Amor!...

Só mãos… só olhos!...

SÓ… SONHANDO

Só… dominarei o Mundo!...

- Montanhas vão ficar a meus pés,

beijando-os!

No céu será proibido haver nuvens!

A chuva caíra sem ofuscar o Sol!

As noites de luar serão todas!

Haverá aves e flores de todas as cores!

O mar será sempre um lago!

Só… dominarei tudo e todos!...

- Ninguém poderá odiar ninguém,

porque eu não quero!

O amor será eterno,

porque é o meu desejo!

As feras serão mansas,

porque eu exijo!

Não haverá fome nem frio,

porque eu não deixo!

… O Universo a meus pés será pouco?!...

… Porque não, se ninguém sabe e…

eu estou só… sonhando!...

AS HORAS

 

Regressei agora,

agora mesmo!...

Cheguei na fantasia

de uma hora distante

que tentava recordar saudosa!...

Perdi o tempo…

Já não recordo nada!...

Das minhas horas passadas,

somente as amargas,

me dizem que vivi sem ser amada…

Feliz sou hoje… agora…

já não procuro o amor!...

AMOR é a luz que ilumina a minha vida,

a vida que me nasce a cada instante

e já não morre!...

AMOR é a vida que recebo e dou

em cada hora!...

LOUCURA CONSCIENTE...

 

Nos intervalos da vida

pisei em mim a doçura…

- Voaram os sonhos –

Para quê erguer o cadafalso

de meus sonhos leves!?...

Não há espaço que chegue,

nem morte que os alcance!...

- ESTA LOUCURA É CONSCIENTE -

(é por isso que ela dói…)

Estou só… na lagoa negra

que nasceu dentro de mim…

- Morreram os peixes –

- Ninguém vai até lá…

O Sol passa e gela a água!…

(Só a neve a faz verde)

É preciso que venha a neve!...

- É PRECISO QUE VENHA A NEVE –



DEVANEIO

… Que silêncio é este

que ouço sobre o mundo!?...

… Que é isto que me cerca

e eu não vejo!?...

… Que é isto que me prende

e eu não sinto!?...

… De olhos fechados vejo:

... flutuando no vazio

há crepes negros

presos em mastros

de fantásticas naus;

cuspindo fogo saem dragões

da frota macabra

e o fogo são corpos em chama

a bailar… bailando

eróticas danças!…

Bailando … bailando

me chamam, cercam e prendem!

… E eu já não sou eu!...

Sou crepe, sou nau, sou dragão, sou fogo,

e entro na dança dos corpos em chama e…

Bailando… bailando

me cerco e prendo…

Estou cercada, estou presa!...

… Estou presa a mim mesma!...

NADA FICOU...

Às vezes,

parece que vou ultrapassar-me…

Tão perto estou,

que minhas mãos já são asas!...

Não vai haver mais além,

nem mais mistério…

Já vejo luz e sombras vagas…

É agora!…

E nesse grito,

acordo novamente no escuro!...

Nada… nada ficou...

… Só mais confusão!

… Só mais loucura!

… Mais desespero e...

sou só eu!

SEM PALAVRAS…

… (!!!)… (???) …, esta poesia em mim

e eu sem poder dizê-la!...

Filósofos velhos e novos,

tudo li, nada encontrei.

Vá filósofos avançai…

A ciência está à vossa espera.

Dizei-me afinal,

que é isto em mim … (!!!) … (???) …

Tão belo!… tão sublime!… tão transcendente!…

Que me faz Amar!… Sofrer!… Sonhar!

Que em mim não tem limite…

É simples… puro… existe!…

É concreto nas mãos da alma!…

Mas fica em mim assim… (!!!) … (???) …

Sem palavras…

Vedado a ti filósofo…

Revelado a mim, poeta…

Mas só à alma!...

CONJETURA

O Universo?!... Tenho eu aqui,

fechado na minha mão!...

O Infinito?!... Tenho eu aqui,

preso no meu pensamento!...

A Verdade?!...

Onde está a Verdade?...

No ECO – que é o Infinito do Som!...

E eu que sou o Som do Universo

e o Eco do Infinito… voltei

e hei de partir,

para voltar de novo,

quando abrir a minha mão

e soltar meu pensamento!...

INSTABILIDADE

Na sombra,

é a imagem que eu procuro!...

Na imagem,

é a sombra que me extasia!...

Na distância,

é o mais além que me fascina!...

No fim,

é o princípio impossível que eu quero!...

No amor,

amo o antes e o depois!...

No ódio,

gosto do desejo que o gerou!...

Na mentira,

sinto a verdade que não foi dita!...

Na minha vida,

espero o incógnito!...

Na saudade,

tenho saudades… não sei de quê!...

CONTRASTE

Estou dentro de casa, sinto-me na rua!...

Estou toda vestida, sinto-me nua!...

Detesto este meu corpo que se sente nu,

tremendo de frio no meio da rua!…

E a minha alma, toda vestida,

anda deslumbrada lá nas alturas,

enamorada do sol poente!...

E a minha alma toda de branco,

anda fascinada lá no Infinito,

enamorada do Espírito Único!...

E os meus olhos aqui,

neste meu corpo nu…chorando,

lágrimas vestidas

da essência dos sonhos!...

RASGAI MEUS VERSOS

Rasgai meus versos

que eu não sou capaz!...

São pedaços de alma

que o inferno não quis,

tão ardentes eram!...

São sede de amor!

São fome de justiça!

São suspiros roucos,

clamando um olhar!

São horas de tortura

que o meu peito gerou!

Tanta dor… tanta…

que estes filhos loucos me

deram ao nascer!...

Ninguém mata os filhos,

mesmo loucos… loucos!...

Rasgai meus versos

que eu não sou capaz!...

VERSOS INCÓGNITOS

Pedaços de versos que falam da vida!

Pedaços de versos que falam de amor!

Temas bonitos para poesias,

imagens lindas para fim de sonetos,

passam fugindo, passam voando

na mente em brasa!...

Não os escrevo, não os decoro,

e eles lá vão, voando no tempo,

desfeitos na cinza da alma que ardeu.

Ninguém os conhece, nem mesmo eu!...

Só os olhos mais brilhantes,

da chama que ardeu,

divulgam ao mundo a morte do sonho!...



LUTA… PAZ… SOLIDÃO…

Beija-me amor … assim…

até à loucura!…

Aperta bem as minhas mãos!...

Não retires o teu olhar

do meu olhar!...

Não deixes que prossiga esta guerra,

esta luta aberta em meu peito!...

Ai amor! Quanto te afastas,

e o calor das tuas mãos

já não me aquece!...

E a magia do teu olhar

não me entontece!...

Ai amor! Como esta luta é sangrenta! ...

Fica esgotado o meu pobre coração,

e já sem forças, pede perdão

à consciência!

Só deseja paz… descanso… solidão…

embora uma saudade enorme o desfaça!...

QUEM SOU EU?

Desci dentro de mim,

e no vazio encontrado,

tive medo, tive frio...

E frente a frente comigo,

a chorar me perguntei:

- Quem sou eu?...

- Quem sou eu?...

E não me reconheci!...

- Tive medo, tantas vezes,

de encontrar-me a sós comigo!…

… Hoje, queria encontrar,

esse alguém que se perdeu,

não tinha medo, nem frio,

estava só… mas era eu!...

NA FESTA

A milhas daqui…

Não sei onde…

Talvez num oceano,

ou nos pólos.

ou num deserto…

Talvez no céu,

ou no inferno…

Mas não aqui…

Aqui, onde hoje estou…

Neste silêncio

de mil ruídos…

Nesta solidão

com tanta gente…

Tanta, tanta gente…

Tanto, tanto barulho…

E eu aqui, tão só…

Neste silêncio…

Nesta agonia sem morte!...



INIBIÇÃO

… nem perto, nem longe,

nenhuma voz pode soar…

Só as aves podem voar

mas, não pousar!

Então, minha alma sai de mansinho

e lá vai ela inebriada!

Depois… eu sou sol, sou céu, sou mar,

sou a curva da serra lá ao longe

e o véu de neblina que a envolve,

sou flor, sou árvore

e tudo o mais que me rodeia!

Sou até Deus… e porque não,

se pertence ao todo a minha alma!

…mas, nenhuma voz pode soar

e nenhuma ave pode pousar!...

INCONSTÂNCIA

Paz…!?

Que paz é esta

que eu sinto em mim,

quando tu te vais embora!?...

- Há paz que não é paz!...

É pena de nós próprias,

é desejo de ternura,

é raiva ao egoísmo,

é ódio à crueldade.

… porque estou eu aqui

de novo à tua espera!?...

Ah! Poder decifrar em mim

esta inconstância…

Porque é que penso ti,

quando não voltas!?...

ESTE NÃO SEI QUÊ

Ah, se eu pudesse escrever,

se eu pudesse dizer,

se eu pudesse, num suspiro ou num ai,

num grito ou num lamento,

traduzir o meu sentir!?...

Ah, se este fogo que me abrasa

pudesse incendiar-se

e eu ver a sua labareda

erguer-se ante meus olhos!?...

Se este não sei quê,

que vive dentro de mim,

que me massacra e tortura…

Este não sei quê…

Que nem eu,

nem tu,

nem ninguém,

saberá jamais traduzir,

nem tão pouco exprimir

por qualquer gesto ou olhar!…

Se este não sei quê,

que vive agarrado a mim…

Ah, se eu o pudesse escrever,

se eu o pudesse dizer,

ou gritá-lo,

ou queimá-lo

e vê-lo arder!...

TÉDIO

Escrever o quê?...

Dizer o quê?...

Hoje, não tenho nada para escrever…

Hoje, não tenho nada para dizer…

Hoje, só me apetece ficar assim…

Olhos parados olhando o nada,

fixos no tempo… sem tempo…

Solidão?...

Tédio?...

Não sei… e não me importa!...